sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

julia racional

valorizo a melodia
composição com poesia
ódio seguido de alegria
até um pouco de orgia
só não me invade que eu não arrego

eu busco um equilibrio
que não existe
só cansei de viver no limite
passo os dias iguais
sem reclamar
desde que eu possa parar
para contemplar

não tenho mais ressaca
paro antes da última virada
não sei se quero mais ficar mal
com a vida real

aceitar que é possível ser feliz
sem ser tudo que eu quis
nem ter tudo que eu mereço

só gasto dinheiro com vinho
e comida oriental
parei com as drogas
das pessoas
que me faziam mal
tenho certeza sim
que só ando viciada no Tim

canta pra mim
uma música dele assim:
apenas um contato
e você vai ver
beleza sem igual

por enquanto isso me basta, enfim

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

eu eu eu

acho estranho crescer
aos 13 anos pensava que aos 18 estaria distante
"gente grande"
lá na capital
estudando e tal

continuo no mesmo lugar
e já fui mais longe do que pensava
quando sonhava

aos 21, tudo e nada mudou
gosto do caminho que a vida me levou
paralisei enquanto acreditei
que só viveria em outro lugar

eu preciso continuar aqui
ainda tenho coisas a fazer
pessoas a conhecer
meu mundo é grande demais

só tenho saudade
de não precisar seguir viagem
sobre rodas
eu gosto de andar a pé

mas o clima é outro
vou aprendendo a cada dia
de tudo um pouco
e de mim, mais ainda

agora não sei de mais nada
nem de amanhã
discuto meus problemas
deitada em um divã

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Acompanhante

Tem queda pela noite
Mas vive durante o dia
Já experimentou mais cervejas
Que o Nelson Gonçalves na boemia

Se esconde pelos buracos do bar
Tirando fotos sem parar
Carrega o violão
À maneira de quem sabe tocar

Coleções de histórias
Garçons e amigos de uma noite
Copos quebrados, cantadas
Risadas
Ressacas
Brigas

Comemora quando a música é aplaudida
Bebe mais uma dose antes da partida
Fala de cordas de aço como se fosse luthier
Toca escondido sem nem ele saber

Presta atenção
Na rodovia
Na decoração
Nas meninas
Nos apertos de mão

Chora com medo do que virá
Não quer mesmo ter casa pra cuidar
Não tem beijo na hora da virada
Trocou toda a vida pela eterna madrugada

Segunda-feira queima como açoite
Não espera nada de sábado à noite
A família diz que você vai cansar
As mulheres dizem que não se imaginam no seu lugar

Homens podem até te cobiçar
Mas quando se está com a atração
Você deixa de ser distração
É acompanhante

Mas se cê realmente quer saber
Eu não durmo mais
Enganei meus pais
Eu não canso jamais





quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

casca

renunciei ao agrado
recusei convites
caminhei errado
caí em um buraco
de joelho sangrando descobri
que nada existe sem que eu mesma saiba
ainda tenho outro joelho para lembrar
que tudo poderia ser como era
mas não é

antes eu não sabia o que era folia de reis
a internet não vai te ensinar
mais do que o dono da capela
que a senhora que aceita a reza em casa
que a primeira moradora do bairro
que a criança que corre dos palhaços
não precisa perguntar nem pesquisar
vá olhar