quarta-feira, 18 de maio de 2016

a queda do céu

cheguei com olhos vermelhos
de fumar e de chorar
queria quebrar uns dedos
e continuar a rodar
sua cadeira é aquela moça bonita
que te ama e nao te deixa andar
seríamos ótimos assassinos
se não tivéssemos histórias pra contar
você sobre a preguiça da morte
e eu sobre a culpa de dançar
desde cedo exibida, tava pedindo pra se danar

você com tantas bundas na sua altura pra apertar
eu com vontade de pisar na armadilha e girar
talvez eu seja uma puta violenta
tentando não se manifestar
as palavras não surtem mais efeito quando o sangue pára de bombear
estamos mortos
como os índios
nus
reconhecemos

o branco era uma cor que não existia no Brasil
só no céu, só nas aves, só em tudo que estava além
hoje eu vesti essa cor em sinal de guerra
o juízo que me deram só serviu pra me fazer vomitar
não vou tirar os dentes do siso
ainda tenho muito o que errar

eu que até saí pelada
sou a que mais respeita a família
você só respeita o que não tem
só admira quem não conhece
mas pode me incluir na sua prece

laroyê bará

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