terça-feira, 25 de maio de 2010

Direitos de um artigo

Estamos com fome de amor.


"Uma vez Renato Russo disse com uma sabedoria ímpar: "Digam o que disserem, o mal do século é a solidão". Pretensiosamente digo que assino embaixo, sem dúvida alguma. Parem para notar, os sinais estão batendo em nossa cara todos os dias.

Baladas recheadas de garotas lindas, com roupas cada vez micros e transparentes, danças e poses ginecológicas, chegam sozinhas e saem sozinhas.

Empresários, advogados, engenheiros que estudaram, trabalharam, alcançaram sucesso profissional e, sozinhos. Tem mulher contratando homem para dançar com elas em bailes, os novíssimos "personal dance", incrível. E não é só isso não, se fosse, era resolvido fácil, alguém duvida?

(...)Tornamo-nos máquinas e agora estamos desesperados por não saber como voltar a "sentir", só isso, algo tão simples que a cada dia fica tão distante de nós.

Quem duvida do que estou dizendo, dá uma olhada no site de relacionamentos Orkut, o número de comunidades como "Quero um amor para a vida toda", "Eu sou pra casar!" até a desesperançada "Nasci para ser sozinho".

Unindo milhares, ou melhor, milhões de solitários em meio a uma multidão de rostos cada vez mais estranhos, plásticos, quase etéreos e inacessíveis.

(...)Todo mundo quer ter alguém do seu lado, mas hoje em dia é feio, démodé, brega. Alô, gente! Felicidade, amor, todas essas emoções nos fazem parecer ridículos, abobalhados, e daí? Seja ridículo, não seja frustrado, pague mico, saia gritando e falando bobagens, você vai descobrir mais cedo ou mais tarde que o tempo para ser feliz é curto, e cada instante que vai embora não volta mais (estou muito brega!). Aquela pessoa que passou hoje por você na rua, talvez você nunca mais volte a vê-la, quem sabe ali estivesse a oportunidade de um sorriso à dois.

Quem disse que ser adulto é ser ranzinza, um ditado tibetano diz que se um problema é grande demais, não pense nele. Dá para ser um homem de negócios e tomar iogurte com o dedo ou uma advogada de sucesso que adora rir de si mesma por ser estabanada; o que realmente não dá é continuarmos achando que viver é out, que o vento não pode desmanchar o nosso cabelo ou que eu não posso me aventurar a dizer para alguém: vamos ter bons e maus momentos e uma hora outra, um dos dois, ou quem sabe os dois, vão querer pular fora. Mas se eu não pedir que fique comigo, tenho certeza de que vou me arrepender pelo resto da vida."

(Arnaldo Jabor, 25/02/2010)


- Dedicado à Camila Harms, companheira de afeições, aflições e outros temas de utilidade prática, ou não.
- Dedicado à todas as pessoas que, assim como eu, absorvem a vida com um único propósito de dedicar, produzir, inventar e exalar amor.




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