quinta-feira, 13 de maio de 2010

Novo Mundo

Existe um lugar onde tudo funciona com um simples sopro de vida. Onde tudo é tão admirável que horas são precisas para se admirar todas as coisas, com uma decência exata. Onde respirar e expirar são fenômenos, cada manifestação de existência é singular e cada pessoa é um fato inédito.


Há igualdade em ser diferente e diferença em ser igual. Há pessoas que gostam de café e pessoas que não dispensam coca-cola no café-da-manhã. Pessoas que não receberam aulas de ortografia mas nasceram com a poesia correndo nas veias, e enchem folhas de caderno com grandes composições e palavras ilegíveis. Há quem acorde de manhã para correr e quem corre o dia inteiro. Não há apenas homens e homens, mulheres e mulheres, homens e mulheres, há seres inclassificáveis. Há quem pede beijos no meio da tarde e quem não perde por esperar. Há pessoas que não pensam em ninguém e amam o mundo inteiro. Há pessoas e Pessoas.


Aqui eu posso andar como uma andarilha, anotando minhas pequenas impressões de tudo. Posso andar entre os pais de família, donas-de-casa, operários das fábricas, politicamente corretos e todas essas categorias de humanos zumbis, que nenhum deles irá me machucar. Posso ser alguém completamente diferente durante uma ligação telefônica, que ninguém saberia a diferença. Posso salvar o dia sem temer as kriptonitas por aí. Posso encurtar caminhos, desmistificar a distância e fazer da saudade uma fonte de escape para voltar a hora que eu quiser. Estou em São Paulo, estou em Baltimore, estou em Santa Monica ou estou aqui no interior. E de repente, não estou mais em lugar nenhum.


Aqui onde eu não moro.
Aqui eu não existo.




Porra, vida. Quem te escreveu assim?

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