domingo, 22 de agosto de 2010

Eu sei.

Renato Russo sempre foi o mais próximo de agregar todas as minhas opiniões, sobre vários assuntos. As conexões que eu não tinha com ele, eu criei. Nas suas palavras eu guardo ou plagio as minhas. Mas discordamos em um único ponto quase primordial: sexo verbal faz meu estilo.

Como há quem nasce para o amor, quem nasce para a guerra, quem nasce para mudar e quem nasce para morrer, eu nasci para as palavras. É com certo orgulho que eu aprendo as novas e seus significados, é com certo ego que eu ostento elas. Despejo-as por aí, esperando quem vai parar e olhar, quem vai tentar entender. Às vezes encontro ouvintes. Outras vezes, encontro despejos. E aí, cabe a cada um cada palavra não-dita, mal-dita...

Sou hipócrita. Todos somos hipócritas. Maldita mania de seleção: às vezes sou ouvinte, quando deveria ser despejo. E vice-versa. Cobro a mais ou a menos do que deveria receber, mas sempre cobro. E acabo me fundindo com despejos existenciais, envolvida nas suas sobras, me divertindo com suas sujeiras mais profundas, seus membros físicos. 

Não é uma reclamação. Pessoas como eu ficam amargas se passam muito tempo sem ao menos algumas horas de sujeira. É mais do que prazeroso me deixar escoar sem medo, ver o que havia de mais duro dentro de mim virar líquido e escorrer pelos ralos de alguém. 

Com quem você quer falar por horas e horas e horas?

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